Homens com todas as letras
Um filme sensível, pertinente, real: "Homem com H"

Foto: Divulgação
Esta é a realidade. Fui ao cinema e me deparei com um filme sensível, pertinente, real e com vários homens brilhantes nele. Começo pelo homenageado NEY MATOGROSSO, que nada tenho a acrescentar que vocês grande público não saibam: um canarinho, inquieto, respeitador, inteligente e grande artista. Mas surpreendente é ter um ator que tão incrivelmente conseguiu nos tele transportar para os anos 70, 80 e 90, enfim para uma geração tão próxima da minha, vivendo este real NEY, que se tornou personagem através do corpo de JESUÍTA BARBOSA, aliás, que trabalho bárbaro de composição. Seu NEY é tão real que me leva a loucura! Eu estive muito próxima do NEY quando dirigimos juntos uma peça de grande sucesso de público e crítica que foi SOMOS IRMÃS, sobre a vida das irmãs Batista, Linda e Dircinha, uma junção feita por José Maurício Macheline, foi logo ali nos anos idos de 1997 / 1998, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil).
Mas voltando ao filme HOMEM COM H, outro incrível nesta história é o diretor e roteirista, ESMIR FILHO, sua sensibilidade e a sua delicadeza em vários momentos, foram contundentes, como na morte de CAZUZA, quando o médico companheiro de NEY sabe da AIDS, e que NEY não contrai a doença. Como é linda a fotografia de AZUL SERRA, a reconstituição da época na luz. O ator que faz o pai do NEY, RÔMULO BRAGA, o menino que o faz criança, meu aluninho, DAVI MALIZIA, enfim, são muitos homens com H maiúsculo, não em relação à sua sexualidade ou coisa parecida, mas em relação a qualidade de ARTISTAS. Parabéns a Paris Entretenimento, em acreditar num projeto ousado, que carrega uma época profícua da música brasileira, que conta uma história de alguém que batalhou muito, para conseguir seus objetivos pessoais e artísticos, que venceu após os 30 anos e que aos 80, continua sendo um sensível portador de uma voz que é rara, mas também de um discurso de vida único, que tem muito a dizer a geração de agora, portanto garotada, este é um filme imperdível, ver HOMEM COM H, sem dúvida é rever um painel político, social e único de anos que não voltam mais, porém continuam carregados dos mesmos problemas, de má compreensão do ser humano, das suas convicções e da sua própria sexualidade. Me perdoem as mulheres que também estão presentes neste trabalho, sem dúvida deixo aqui também o meu aplauso. Por favor gente, vamos ao cinema rever nossa história. Dizem o tempo todo que o Brasil não tem memória, então vamos começar a resgatar a nossa!